quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Após tempos sem publicar vejo-me lendo... Compartilhando...

Simmel nos fala das formas e dos conteúdos. As formas são construções teóricas; fazem referências à perfeição das formas geométricas, que para se constituírem necessitam de conteúdos. Conteúdos e formas, inicialmente separados, servem como material puro para a compreensão objetiva dos fenômenos sociais, que por sua complexidade, não podem ser visualizados sem que haja uma escolha racional, um método. A sociologia como ciência da sociedade, necessitaria de um método para tornar-se de fato uma ciência. Para o autor, a ciência da sociedade genarilizou o seu objeto, o que fez com que o seu estudo se confundisse com as outras ciências. Ora, tudo pode ser considerado sociedade, já que a humanidade vive em sociedade. Para delimitar o objeto da sociologia seria preciso, então, capturar o que é sociedade para as ciências da sociedade. Para ele, todo o agrupamento de pessoas que ao interagirem uma com as outras, agem influenciando e é influenciado, é considerado uma unidade social, uma sociação. A sociologia das formas, tem por objetivo estudar a sociação, sendo esta a unidade (a forma), e o seu conteúdo, proviniente dos interesses, gostos e atitudes que constituem, por sua vez a forma. A sociedade é o todo, onde as sociações se movimentam, criando formas.
Agrupamentos como partidos políticos, religiosos, Estado têm motivações em comum que constiuem as formas, como conflitos, competições, supordinação, sociabilidade etc. Portanto, as formas não são as instituições, mas os substratos comuns, que transcende os agrupamentos, e que mobilizam as ações que os constituem, formas de sociações.

A forma não existe sem conteúdo, mas pode ser capturada pela sociologia para o estudo do seu siginificado psicológico. [continua]

quinta-feira, 27 de março de 2008

de volta ao começo (1) às vesperas do exame de qualificação, bruuuuu!

O título é redundante, mas pesquisar é sempre isso: voltar, rever, tomar novos rumos. Porque a pesquisa é viva, já que é fruto de nosso conhecimento sempre em contrução. Como escreveu Paulo Freire: "Eu não sou, eu estou sendo!"

Mudanças! Eis para o que me preparo agora.
Após um mundo de informação ficar girando, indo e voltando em minha cabeça, estou eu tentando a quinta, sexta, sei lá, um das muitas versões desta tese.
Às vesperas do exame de qualificação resolvi retomar os conceitos e categorias até aqui propostos. Algumas falas nas entrevistas me estimularam a isso, somados a alguns conselhos dos mestres, mestras e colegas de classe.

Falas do campo: "comunidade é para dar um nome mais charmoso à favela"; "eu não consigo entender que transformação é essa que o CDI quer tanto. " ...]

Alguns conselhos dos mestres:
"esqueça comunidade, traga a falácia da política"
"Bando, bando é uma palavra interessante, leia o seu texto, vc vai descobrir caminhos mais atutênticos"
Colegas: "Acho que precisa de foco", "É necessário politizar o debate, ter cuidado para não cair no oba-oba" (obrigada pelos toques e o livro Oscar)
Minha querida orientadora: "Olhe o Estado, você precisa contextualizar e o Estado tem um papel fundamental na discussão com as ONGs."

Tudo ouvido, anotado e aí, mãos à concepção... Não sei se consegui, aliás tenho certeza que não, visto que muito do que foi defendido e escrito por mim será retomado pelos professores que comporão a banca do dito exame.

Feito, por enquanto. Aqui um pequeno trecho de como estou defendendo hoje, agora, antes de qualificar:

À luz do debate silencioso, com os autores e atores sociais, percebi que o tema da inclusão digital é estudado com base em duas correntes do pensamento, uma que defende o uso das tecnologias da informação e comunicação, como as ferramentas que darão respaldo a tão sonhada transformação social, e outra que argumenta serem as TICs uma nova forma do capitalismo se manter no poder. Para nossa análise, tanto uma como outra são possíveis de acontecer ao mesmo tempo. Por isso optamos por uma discussão teórica que tem a modernidade reflexiva como base, tomando por referência as discussões propostas por Beck, Giddens e Lash (1997).
Essa perspectiva defende que a modernidade passa por um momento de reflexividade, porque constrói de forma ativa uma crítica à modernidade processada a partir das relações cotidianas que, tornadas públicas, reelaboram instituições (Giddens), formas de atuação política e subpolítica (Beck) e também sua estética (Lash).
Abrindo um parêntese para os fatos, pesquisa recente aponta o montante de dados que circulam pela internet. Segundo matéria da cbn.com.br (acesso em março de 2008), temos um acúmulo de 281 hexabytes em informações armazenadas e em circulação na Rede. Isto equivale, aproximadamente, a 3 bilhões e meio de discos rígidos de 80 gigabytes cheios. Considerando que a tendência é aumentar o volume, já que a produção de conteúdos pelos usuários comuns é fruto da web 2.0, que ainda não alcançou a sua potência máxima, não podemos deixar de concluir que estamos vivendo uma revolução informacional.
Com base nessas afirmações e fatos, tomamos como categoria chave de análise para nossa pesquisa a informação, por considerarmos:
que os sinais digitalizados e transformados em fluxos comunicacionais vêm provocando mudanças no cotidiano das pessoas;
que as decisões políticas, em âmbito local e global, influenciam e sofrem influências dos meios de comunicação;
que a sociedade globalizada possibilita exclusões, mas também conhecimento que gera mudanças individuais e coletivas que, por sua vez, provocam críticas às regras instituídas;
que a velocidade da informação favorece a flexibilidade da sociedade atual, potencializando os riscos, mas também sua crítica.

Para Lash (1997), se na modernidade simples os direitos de cidadania eram baseados nos direitos políticos e sociais do “welfare state”, na modernidade reflexiva eles se transformam nos direitos de acesso às estruturas de informação e comunicação. Este acesso ou não acesso, dispostos em um determinado espaço, constituem o que ele denomina de “zonas”, caracterizadas pelo muito, pouco ou nenhum acesso aos produtos eletrônicos. Este desenho demonstra as desigualdades das cidades (periferia e centro), das casas (entre homens e mulheres) e dos subtrabalhadores em relação à classe trabalhadora informacionalizada. Nas “zonas” excluídas, o acesso à informação chega através da televisão, rádio e vídeos, possibilitando a participação dessas camadas sociais nas estruturas comunicantes. Por outro lado, esse tipo de acesso desenvolve disparidades entre os que manipulam informação com as mídias interativas e os que apenas as recebem. (p.161-163)
Para Giddens (1997), estes acontecimentos são provocados pela forma aberta como as estruturas da modernidade reflexiva se apresentam, deixando a cargo do indivíduo escolhas que possibilitam mudanças, tanto dele próprio quanto da sociedade ao seu redor, quase sempre ecoando globalmente. Esta flexibilidade estimula a criação de cenários providos de incertezas que provocam grande insegurança com relação ao futuro, chegando a romper com o controle das estruturas modernas.
Com essa perspectiva, levamos em consideração que novas formas de organização emergem em movimentos contra-hegemônicos globalizados (Santos, 1994), a exemplo de movimentos como “mídia ativa” que, em reposta a uma globalização veiculada pela mídia oficial, se manifesta contra a ordem, utilizando a onda da comunicação via internet (Prudêncio, 2006). Esta, por sua vez, vem questionando os modelos empregados pela modernidade, como o de autoria, criação e comunicação, ao mesmo tempo em que contribui na formação de uma sociedade em rede (Castell, 1999), redefinindo conceitos, como os de cidadania e democracia, trazendo assim novos elementos para pensar a política.
Assim, entre o acesso e os limites provocados pelos não acessos, temos os meios de comunicação que, alimentados pelos fluxos informacionais adentram toda a sociedade, do ocidente ao oriente e vice-versa, potencializando o acúmulo de conhecimento social que permite posicionamentos individuais e coletivos que, por sua vez, afetam as ordens globais estabelecidas pela modernidade. Para nossa pesquisa, a informação, como motor dessa sociedade, se manifesta de duas formas: automática, aumentando a disparidade entre “excluídos” e “incluídos” e democrática, possibilitando a crítica das estruturas modernizantes .
A construção da estrutura comunicante da internet é um marco para nossa análise, porque tornou possível o sonho da construção colaborativa – informação democrática-, ao mesmo tempo em que fortaleceu o controle militar global e a concentração dos fluxos informacionais pelos Estados Unidos da América, maior investidor no desenvolvimento dessa tecnologia – informação automática. Ainda fruto desse processo, como crítica à geografia da estrutura dos nós comunciacionais, concentrada nos grandes centros globais, nasce a luta pela democratização do acesso às tecnologias da informação e comunicação.
Considerando este movimento e os mundos díspares – de acessos e não acessos - existentes com a modernidade reflexiva, a nossa pesquisa objetiva entender como se constituem os projetos de inclusão digital e quais os cenários produzidos com os encontros e não encontros, que marcam o cotidiano de quem opta por participar da luta pela democratização desse acesso.

....Adiante, introduzimos como a informação faz parte dessa sociedade reflexiva e como isso desata os projetos políticos de inclusão digital no Brasil, tanto em sua prática como em sua concepção.

Maiores informações, fiquem à vontade para usar os espaços de comentários ou mande email para fatimaolliveira@bol.com.br

Bibliografia interessante e utilizada aqui

Beck, Urich; Giddens, Antony; Lash, Scott.Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. Tradução Magda Lopes. São Paulo, Editora da Universidade Estadual Paulista, 1997.

Castells, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor, 2003.

Fragoso, Suely. Um e muitos ciberespaços. In:______. LEMOS, André; Cunha, Paulo (orgs.). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003.
Giddens, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. 2 ed., Rio de Janeiro, Record, 2002.
Gohn, Maria da Glória. Os Sem-Terra, Ongs e Cidadania: a sociedade brasileira na era da globalização. São Paulo : Cortez, 1997

Hernani, Dimantas; Martins, Dalton. Caminhos da revolução digital, artigo on line http://diplo.uol.com.br/2000-04,a1697 – acesso em 04/03/08
Johnson, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2001.

Prudêncio, Kelly Cristina de Souza. Mídia ativista: a comunicação dos movimentos por justiça global na internet. Tese de doutorado apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

Santos, Boaventura de Sousa. A crítica à razão indolente: contra o desperdício da experiência. Vol.1, 4 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
______. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1997.

Santos, Laymert Garcia dos. Politizar as novas tecnologias: o impacto sócio técnico da informação digital e genética. São Paulo: Ed.34, 2003.

sábado, 6 de outubro de 2007

Do Centro à Periferia!


Felipa, para quem vem de fora, a primeira curiosidade é saber onde estamos. Explica pra gente que lugar a gente ta?

— Vocês estão no Grajaú, Jardim Belcito. A escola mais próxima dá uns três quilômetros. E as crianças vão. Os pais procuram sempre as escolas municipais porque tem a Pirua que vai e volta e o Estado não tem. Quando acontece do filho cair na escola do Estado é uma briga... é que os pais não querem porque não têm como levar. Muitos trabalham e a distância é muito longa. Assim daqui pro Santo Amaro deve dar uma hora de ônibus, depende do dia, às vezes é até mais. Sábado mesmo eu cheguei no Jabaquara em duas horas. Então é... Nosso espaço... A distância é essa, bem longe mesmo. O Posto de saúde ainda é mais longe ainda, pois dá quase 4 KM onde você pode ser atendido. Isto é quando consegue. Você tem que ir às cinco horas da manhã para pegar uma senha. Se você conseguir pegar uma senha para marcar o médico, beleza, se não conseguir, você fica sem. É a distância! Nosso problema aqui é a distância. Tudo é longe!

A chegada no Circo-Escola do Projeto Anchieta

“Saindo do Centro da cidade, metrô Barra Funda, o mais perto é você ir até o terminal Bandeira e pegar o terminal Santo Amaro. Lá você tem que pegar duas conduções... uma duas horas e meia, rapidinho você ta aqui”. Dizia Leda[1], mais tarde, quando já estávamos lá, e à mesa, almoçando.

Chegar lá não era o problema, afinal me virava bem por esses caminhos, já que na minha chegada à cidade, o meu primeiro trabalho foi como pesquisadora de um desses institutos da vida como “free-socióloga” recém-chegada. Daí para frente quase quatro anos visitando organizações comunitárias, da Leste a Sul, para desenvolver oficinas, reuniões etc. Difícil mesmo era chegar e perguntar para desenvolver a minha pesquisa. Apesar de todo o desembaraço e toda experiência em abordar pessoas, ali, provavelmente, estaria dando um passo para compreender como acontecia de fato o Projeto pensado para inclusão digital no Brasil. Afinal, como as comunidades fazem uso do computador? Para quê?

Com a minha experiência no trabalho com o Comitê para Democratização da Informática por quatro anos, sempre percebemos em reuniões coletivas ou em momentos de construção de relatórios, atrás da mesa do escritório, uma nuvem entre projeto arquitetado e trabalho fim. Saindo pela periferia para capacitar educadores e gestores até conseguíamos identificar algumas pistas, mas o trabalho de uma ONG é sintetizado na necessidade de ir sempre em frente, com o objetivo de utilizar os recursos, aplicá-los para conseguir alguns resultados, ao mesmo tempo em que é avaliado (correndo) o impacto da proposta. Por mais que queiramos parar, as metas não nos deixam. Que fazer? Aprendemos a seguir e não ver tudo. Mas, uma vez socióloga, sempre pesquisadora, e, mesmo não conseguindo refletir com qualidade sobre o processo que estávamos vivendo, o estado de inquietação foi deslanchado já com os sinais das primeiras fumaças. Um deles se reflete forte, como coloquei acima nas primeiras observações do campo, em minha pesquisa: as comunidades, interessadas em manter a parceria a qualquer custo com o CDI, não nos deixam ver facilmente o que acontece, por trás de suas portas. Com será, então? Me deixarão ver como pesquisadora? Conseguirei enxergar, ouvir o que me dirão? Com essas inquietações cheguei ao Circo-Escola do Jardim Belcito, próximo ao CEU Três Lagos, na região do Grajaú, capital paulistana.

[1] Leda é Gestora de Campo do “Projeto Anchieta”

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Como nasce a pesquisa

As tecnologias da comunicação, a arte e o movimento popular

Décadas de 70, 80. Alguns amigos se juntavam em bando, em algum bairro da imensa periferia de uma cidade. Falavam de como fazer uma intervenção no bairro para que a mídia local tratasse os seus jovens com respeito. Chega de páginas policiais! Gritavam eles indignados. Esses mesmos jovens usaram a palavra e a arte como arma para seus intranqüilos e produtivos atos políticos. Picharam, deram vida a algum teatro de arena vazio e prostrado em algum canto da comunidade[1]. O desejo de expressar o que o bairro tinha de bom se levantava com o vento forte levado pelas ondas das rádios e sinais de TV, ainda na era analógica. Postes viravam apoio para cornetas do povo. “Dispensa pilha e o rádio. Vai entrar no ar... Para você economizar, a sua... a nossa rádio popular”[2] dizia um dos locutores. Mais uma vez deflagravam-se os manifestos públicos.
As intenções eram políticas: uns queriam fazer arte para chamar a atenção da mídia que retratava a periferia como um lugar de marginais; outros queriam discutir as questões da terra, da moradia com a comunidade ali apossada. Contudo, as manifestações eram, sobretudo, artísticas, pois era a partir da criação - da música, da poesia, do teatro - utilizada como meio para expressar os valores, idéias daqueles lugares, daquela juventude, daquele povo que o projeto político se realizava.
No seio das comunidades os festivais de música e poesia eram rajadas de vento que moviam o grande moinho do movimento popular. Gerador de energia a produção artística juntava os moradores, dando-lhes o lugar devido, o de protagonistas de sua história. As rádios no ar, o teatro lotado pelos moradores, a TV Alerta na praça da Igreja[3] anunciando a existência de uma gente que apenas queria fazer parte também do bolo do desenvolvimento.
Ao se identificar com esta ou aquela forma artística, os atores locais compartilhavam a direção da cena principal. Foi assim que os músicos ávidos em alastrar o que acontecia ali, foram incitados a compor mais e a inscrever suas produções em festivais dentro e fora da cidade. Mas para isso era necessário gravar a produção. Como fazer? Nascia a fita demo feita em grupo, em gravadores imensos, nos banheiros daquelas casas embrionárias, aproveitando a acústica do local e o silêncio da madrugada. Do estúdio improvisado para os CDs de fundo de quintal um salto de uma década pelo menos. No final dos anos 90 o mundo digital passou a ser o canal.

Os meios mudaram, mas a tradição de criar para se fazer presente terá continuado o projeto de mudança do movimento popular?

Para nós a arte de se fazer presente é a condição de existência do movimento popular. Era preciso fazer-se notar para existir como pessoas portadoras de direitos. Nas décadas de 70 e 80 isto se deu pelas relações comunitárias, com uma forte presença da igreja, com um foco no movimento de alfabetização popular, nas artes e na comunicação. Dos anos 90 para cá uma grande tendência à institucionalização tomou conta dos projetos das organizações populares, mas por outro lado, grupos de jovens ainda se reúnem, fazem arte e se envolvem em projetos comunitários, desta vez usando os meios digitais para se fazer notar.

É sob a égide dos pilares comunidade, arte, tecnologia e comunicação que se caracteriza o movimento popular dessas décadas. Surge daí o termo excluído, aquele que não usufrui dos direitos, os despossuídos, em oposição aos incluídos que usufruem dos direitos e têm oportunidades sociais para sua existência. É também aqui que se aprofunda a visão de cidadania como conquista de diretos e surgem os movimentos de inclusão, sendo a inclusão digital um dos componentes desse mapa de exclusão.

Entre a pesquisa, pesquisadores e o movimento de viver o evento

Como afirma Boaventura de Sousa Santos, na Crítica à razão indolente, todo trabalho científico é também autobiográfico. Foi participando desses eventos, acima descritos, ora como agente cultural, ora como cientista social que me fascinei por essas transformações. Estar também movendo o moinho foi a condição para que as minhas reflexões virassem perguntas, e estas, base de minha tese de doutorado.
São novos os sujeitos sociais?
São novas as ferramentas de inclusão?
Por que universalizar o acesso digital é importante?
Qual o lugar/papel das práticas/movimento de inclusão digital dentro desse novo mapa social?
Seria as TICs um novo instrumento de fortalecimento da democracia? Como isto se realiza nas comunidades “excluídas”?
Estamos diante de uma nova (novíssima) configuração do movimento social?
Estas questões, reelaboradas tantas vezes, são frutos de minhas inquietações e do diálogo em cada evento vivido e com cada referência tomada. A saída no campo está aos poucos avivando a minha tese, ou melhor, desenhando melhor os caminhos escolhidos. À luz desse debate silencioso com os autores e atores sociais, percebi que a nossa referência bibliográfica tem acenado com pistas para as novas articulações políticas, mas ainda sobe uma forte análise dicotômica. Em nosso caso na discussão atual sobre Sociedade Civil e Estado, base de grande parte dos pressupostos teóricos das pesquisas sobre os movimentos sociais, é central o avanço das ONGs e a nova configuração do mapa social, mas existe uma forte tendência em afastar o “mal” da institucionalização, recorrendo à teoria dos opostos, nela a independência da sociedade civil é primordial na luta com o Estado. Mas seria só o Estado o seu opositor?

São essas a primeiras pistas que nascem desta pesquisa. Vamos continuando a cada tomada mais organizada.

Prometo trazer fotos e trechos de vídeo na próxima leva, para colorir o debate.


[1] Fatos baseados na pesquisa de mestrado da autora, “Do trem da Esperança à estação das ruas verdes: o bairro cidade da esperança no imaginário dos moradores”. UFRN, 2003.
[2] Caderno introdutório dos manuais de comunicação produzido pelo ALER-Brasil, IBASE, FASE, SEPAC/EP
[3] A TV Alerta é uma experiência de TV Comunitária no início dos anos 90, do Movimento de Lazer Esporte e Cultura da Cidade da Esperança e Direitos Humanos de Natal – arquivo do DHNET, citado na dissertação de mestrado da autora.